Os fiéis da Terra Santa

21 de outubro de 2011


Para ir de Eilat para jerusalém, resolvemos caronear e descobrimos que em Israel pegar carona é bastante simples. Em geral não tínhamos que esperar mais do que 10 minutos. Uma das mais interessantes que pegamos foi com um tiozão viajando num carro de luxo que disse ser o dono da Dead Sea Works, uma das maiores empresas de Israel e mais um que só parou por causa da bandeira do Brasil.

Nacionalista? Não! Oportunista. Todos adoram o Brasil.

Desta forma, chegamos em Jerusalém e fomos recebidos pelo Ofer, um cara que a Mariana conheceu em uma balsa na Turquia. O cara é um viajante experiente, extremamente gente fina e inteligente pacas. Conversei muito com ele, principalmente sobre política onde ele se mostrava um cara bastante neutro e consciente da real situação do Estado de Israel. Assim, através dele, pude conhecer o ponto de vista tanto de um cara neutro quanto dos caras mais radicais, afinal, o Ofer convive com eles diariamente.

Tivemos excelentes momentos com ele. Inicialmente ele nos levou à cidade antiga com todos os locais sagrados de todas as religiões. Por exemplo, no mesmo lugar onde supostamente Deus criou Adão, o profeta Maomé subiu aos céus com seu cavalo alado. A alguns metros de distância, ficava o muro das lamentações e, outros metros, o local onde Jesus foi sepultado.

Muro das Lamentações

Via Dolorosa

Desta forma, Jerusalém é palco de todo tipo de peregrinação e loucuras religiosas. Vale também notar o quão paranóicos são os israelennses com segurança. É muito comum ver jovens carregando metralhadoras pesadas, além de soldados, policiais e check-points espalhados por toda a cidade.


O destaque do dia foi a visita à Capela do Santo Sepulcro que é um lugar onde se vê nos olhos das pessoas o quão importante para elas é estar ali. Para mim é importante afinal, um dos caras mais importantes para a história do mundo ocidental foi (supostamente) sepultado ali. Mas eu sou ateu e não conto... Só que para a grossa maioria de pessoas que estavam lá, aquele era o momento mais importante e significativos de suas vidas, é como se cada uma delas se sentissem tocados por aquilo que eles chamam de Espírito Santo.


Nesta foto, por exemplo, vê-se a pedra onde Madalena e Maria (supostamente) lavaram o corpo de Jesus, as pessoas se debruçam e muitas vezes se levantam aos prantos.


Jerusalém é palco anualmente de 50 a 200 casos da Síndrome de Jerusalém. Trata-se de uma condição psiquiátrica cujas pessoas, de tão tocadas pelos locais sagrados de Jerusalém, começam a acreditar que são a reencarnação de pessoas importantes de suas religiões. Cristãos, por exemplo, convencem-se ser a reencarnação de Jesus. Infelizmente não peguei nenhum caso assim.

Vista de Jerusalém do Monte das Oliveiras

Pôr do Sol em Jerusalém

"Ninguém tira foto de mim", Mal aê!

Outro programão que o Ofer nos levou foi para acampar na Pequena Cratera, uma cadeia montanhosa redonda, daí o nome cratera. Mas apesar das aparências, trata-se de uma formação natural que não envolveu choque com asteróides.


Acampamos na primeira noite, assando alguns vegetais e comendo humus. Acordamos com o sol para um dia de caminhada. O caminho percorria toda a cratera e envolvia uma escalada, que ao finalizarmos estávamos exaustos.



O caminho porém só terminava no acampamento, o que significava uma senhora caminhada. Para completar o cenário, estávamos com pouca água no meio do deserto. Quando finalmente chegamos no carro, bebemos quase toda a água que tínhamos por lá.


Pula! Pula! Pula!

De lá seguimos para mais uma noite de acampamento, desta vez na beira do Mar Morto. Foi uma noite sofrível com pernilongos fazendo da nossa vida um inferno. Quando o sol chegou, os pernilongos foram embora, porém, foram rapidamente substituídos por moscas.

Estratégia frustrada para escapar dos mosquitos

Voltar ao Mar Morto foi bastante divertido. Claro que não havia o elemento surpresa da primeira vez na Jordânia, mas ainda assim foi bem legal, especialmente pela fonte natural de água formando uma piscina de água doce ao lado do Mar Morto, o unico porém é que a água era rica em enxofre, o que a fazia feder um pouco. Valeu também pela excelente companhia que tivemos, especialmente de uma francesa e finlandesa.

Finalizamos os nossos dias com o Ofer fazendo compras para repor toda a comida que haviamos consumido.

O nosso próximo destino seria Ramallah, maior cidade da Palestina que, ainda ocupada por Israel, seria uma excelente pausa cultural.

O roteiro na Pequena Cratera:

De carona no Deserto para um mergulho no Mar Vermelho

20 de outubro de 2011



De Petra, a ideia era seguir até Aqaba e de lá para Eilat, lugar no qual eu eviara algumas solicitações do CouchSurfing na manhã antes de sair.

O plano era seguir de carona até lá, tarefa que se tornou muito simples. É impressionante a diferença que faz quando se pede caronas na estrada estado acompanhado de uma mulher.

A primeira carona que pegamos era de um velhão que ficava todo babão em cima da Mariana. Acontece que ele não queria deixar-nos ir, falando que tinha um amigo que iria levar-nos para lá e que iriamos encontrá-lo na estrada. Sinceramente, achei a história meio sem pé nem cabeça e despachamos o cara na primeira oportunidade que tivemos.

As outras caronas foram bem mais tranquilas, mas o melhor de tudo era a paisagem. Deserto, por todos os lados. Dava aquela sensação de arrepio em imaginar que não conseguiríamos carona e morreríamos na estrada de sede. Claro que isso não tinha a menor possibilidade de acontecer, uma vez que em menos de dez minutos já estávamos com uma nova carona.

A última era de um grupo de pessoas que no final, chegando em Aqaba, queria cobrar pela carona e após explicarmos que não estávamos ali para pagar e que não era justo ele mostrar interesse em pagamento depois que chegamos. Enfim, ele percebeu que ele tava errado e foi embora de bom humor.
Tivemos que pegar um taxi até a fronteira, que após uma negociação divertidíssima, conseguimos um preço justo.

A passagem pela fronteira foi engraçada. A Mariana estava morrendo de medo por estar carregando uma camiseta do Hizbollah, facção Libanesa inimiga de Israel. Mas no final ela passou sem nenhum problemas, já no meu caso...

A fiscal de passaporte, ao ver o visto Sírio (que é enorme incluindo bandeiras da Síria) arrumou problemas e me mandou passar por uma entrevista, que apesar da canseira foi bastante tranquila, perguntando-me se eu tinha amigos no Líbano e Síria e quao profundas eram as minhas amizades... Enfim, ao final de uma hora, recebi o sinal verde para seguir para Israel.

Acabamos ficando hospedados na casa do Shay, um rapaz bastante gente fina mas que devido a presença da Mariana, se tornava um grande cuzão comigo, fazendo o máximo para tentar se sobressair e chamar a atenção dela, como se eu estivesse interessado em competir... Por mim ele venceria por WO no primeiro instante. Ao final, ao ver que eu não tava nem aí, ele sossegou e começou a ser um cara legal.

O destaque de Eilat é, sem dúvida, o Mar Vermelho e seus corais cheios de vida. Em nosso segundo dia, fomos acompanhar a mãe do Shay em seus merguhos diários. Botei um Snorkel e acompanhei o Shay no mergulho mais emocionante que já tive. Os corais e toda aquela vida faziam me sentir como se estivesse no universo de Procurando Nemo.

Com o Shay e sua irmã, pude aprender muito sobre como é a vida de um jovem israelense. Todos eles ao completarem 18 anos, não importando se homem ou mulher, devem prestar 3 anos de serviços militares. Desta forma, TODOS os Israelenses sabem atirar com fuzis e metralhadoras, fazendo assim que Israel seja de longe o país com a maior concentração de soldados treinados.

É também interessante o fato de que após o exército, 99% dos jovens caem na estrada para viajar o mundo por alguns anos antes de enfrentar a universidade. Assim, é muito interessante ouvir deles algumas histórias de viagem.

Ao final, ficamos três dias com o Shay e sua família, a próxima parada seria Jerusalém a Terra Santa.
O caminho pelo deserto:

O lindo e extorsivo cenário de Petra

18 de outubro de 2011



Chegamos, eu e a Mariana, no hostel em Wadi Rum, era um hostel bastante aconchegante gerenciados por um casal muito louco, ela inglesa ele jordaniano.

O plano era tentar entrar em Petra pelo mesmo caminho que o Ghassab começou a nos mostrar, iríamos arriscar. O ideal seria sair bem cedo e chegar por lá antes das 6 da manhã... Claro que não funcionou, eram 9 horas e ainda estávamos tomando café da manhã.  Fomos de carona até o vilarejo e chegando no início do caminho, mal olhamos o lugar e alguém já veio perguntando se tínhamos ingresso, pois é a fiscalização é bem eficiente. Acabamos tomando um chá com o cara que era doidão, era também casado com uma Norueguesa meio doida também.
O caminho "secreto"

No caminho de volta, quem encontramos? Ghassan, o irmão de Ghassab que nos implorou para entrarmos e tomarmos um chá, e claro lá estava o seu irmão pilantra. Desta vez ele estava bem mais calmo e simpático, ma ainda assim não foi o suficiente para fazer-nos esquecer de todo o stress que passamos com ele.

Voltamos ao hotel e jantamos com um grupo de 2 espanhóis e 2 chilenos. Expus o meu ponto de vista sobre o preço de Petra.

O Valor da entrada em Petra é de 50 Dinares (o equivalente a R$ 120). Era o suficiente para pagar quase uma semana de hospedagem no lugar que estávamos. Esse é o preço para turistas, para qualquer árabe (egípcios, jordanianos, sírios etc) o valor é de ridículo 1 Dinar. Esse é definitivamente um abuso de um país que controla um lugar fantástico e que extorque aqueles que querem visitá-lo. Petra é o único lugar na Jordânia que vale a pena ser visitado, e sabendo disso, eles colocam o preço que querem.

Inicialmente eu estava bastante tranquilo em não ir, porém, conversando com aqueles que já foram e ouvindo os seus relatos, acabei decidindo por ir.

Assim, no dia seguinte seguimos para Petra acompanhados por um dos espanhóis do jantar do dia anterior.
Petra é um espetáculo da natureza que, mesmo que não houvesse nenhuma intervenção humana, já valeria e muito a visita. São canions, montanhas e vales com as mais lindas combinações rochosas que vi até o momento. As pedras tem várias cores e formatos. Com linhas tão fantásticas que parecem ter sido feitas por mãos habilidosas.



Acontece que neste lugar de rochas perfeitas, uma civilização de artistas talentosíssimos floresceu. Os Nabateus, que moraram por lá por volta do século 4 a.C. Esculpiram na rocha sólida um espetáculo de construções que inspiraram arquitetos por milênios.

O passeio começa em uma passagem bastante estreita, alta que se estende por quase 2 quilômetros possuindo, no caminho, algumas esculturas que acabaram sendo consumida pela erosão de milênios.


Esta passagem termina na Câmara do Tesouro que nos faz sentir pequenos diante de tamanha grandeza e habilidade. Talvez o leitor pode se lembrar deste lugar no filme Indiana Jones e a Última Cruzada, segundo o filme, é neste lugar que se encontra o Santo Graal. Mas dentro, sinto em lhes informar, trata-se de uma câmara vazia.

Em seguida, escalamos uma montanha para ter uma linda vista do local e poder ter um vislumbre de nossa próxima parada o Monastério, que ficava do outro lado. Após uma longa subida de pelo menos uns 40 minutos, claro isso sem contar a descida da montanha em que estávamos.


Iniciamos todos juntos a subida. Eu e o Fernando seguíamos a uma velocidade normal. Mas a Mariana, haja paciência, caminhava a passos de princesa. A cada cinco minutos, tínhamos de esperar pelo menos três até ela nos alcançar. Claro que desta forma, acaba sendo muito mais cansativo e a etapa final, faltando apenas mais uns 5 minutos para chegar no topo, decidimos para para esperar a Mariana que, pelas nossas contas, devia estar há uns 5 minutos de nós. Esperamos, esperamos e esperamos, quando deu meia hora resolvemos seguir.

O Fernando me aconselhou a seguir até estar de frente ao Monastério sem olhar para ele, e quando chegamos no local, virei para olhar e aprecias aquela enorme obra de arte em toda a sua magnificência.


Ficamos por lá por mais uns 15 minutos quando aparece a Mariana, montada em um burro e com um guia explicando a ela tudo com uma enorme riqueza de detalhes. Ela disse para acompanhá-los mas o guia fazia o possível para despistarmos. Perguntei a ela quanto ela estava pagando e ela disse que era apenas 2 Dinares (o preço normal, para um homem, seria de no mínimo 20), ela dizia que fez uma boa negociação. Sim, claro, era evidente o porque o guia estava cobrando tão barato.



Seguimos caminhos ligeiramente diferentes e sentamos próximo à única saída possível daquele lugar, aguardando a Mariana aparecer. Esperamos quase uma hora quando decidimos procurá-la e onde ela estava? Sentada com o guia em uma pedra distante conversando. "Achei que vocês já tinham ido embora e pensei: 'ah que se dane, vou ficar um pouco mais'". Respondi: "Claro que não iríamos sem você, seria muita falta de consideração da nossa parte". O Fernando ficou quieto, mas acho que se ele abrisse a boca seria pra mandá-la pra PQP.

Ela continuou a descida com o burro, eu e o Fernando seguimos a pé. Tivemos que esperá-la por mais uns 15 minutos. E eu pensando na merda que fiz em seguir viagem com ela.

No total andamos 21 quilômetros naquele dia que apesar de tudo foi animal.




Abaixo um vídeo de uma beduína pastoreando cabras.

No dia seguinte seguiríamos para Israel, de carona pelo deserto.

O roteiro em Petra:

Picaretagem em Petra

15 de outubro de 2011


A caverna de Ghassab

Foi uma dura negociação com o motorista do ônibus para ir de Amman para Petra. O preço segundo todas as pessoas que consultamos era de 5 Dinares, mas chegando lá por sermos turistas eles pensam que podem ganhar uma grana extra e queriam cobrar 15 Dinares cada. Eu saquei na hora a sacanagem e peguei uma nota de 10 Dinares para eu e a Mariana e fui entrando no ônibus, o cara protestou no início mas eu fiquei apenas olhando pra cara dele segurando a nota e sem falar nada, no final ele pegou a nota e mandou-nos entrar.

Chegamos em Petra algumas horas depois e já era noite, pegamos um táxi até a vila dos beduínos onde encontraríamos o Ghassab, um cara que a Mariana encontrou no CouchSurfing e que topou nos receber. Porém, chegando na vila dos beduínos, o Ghassab não estava lá, teríamos que encontrá-lo na caverna onde ficaríamos hospedados e para isso ir;íamos de carro. Chegando lá a surpresa, teríamos que pagar ao motorista a quantia de 10 Dinares, enquanto pensávamos que ele estava fazendo um favor. Demos mais tarde 20 Dinares e receberíamos o troco no dia seguinte.
O Jipe rosa do Ghassab

Daquela noite, nunca vou me esquecer do céu estrelado. Era inacreditável a total escuridão e quantas estrelas isso nos possibilitava ver. Após a conversa que tivemos com os beduínos naquela noite, decidi ir dormir do lado de fora som um colchão abaixo de mim e um mar de estrelas no céu.

O Ghassab era um cara que me inspirou desconfiança desde o início. E logo logo as minhas desconfianças começaram a ter motivos. Primeiro que demos ao Ghassab algum dinheiro para comprar cerveja, ele passou em um lugar deu o dinheiro para um cara e disse que viríamos buscar depois. Fomos a um lugar chamado mini-Petra, que possui um templo escavado na pedra.

Mini-Petra


Na volta, não ele disse que não conseguia encontrar o cara da cerveja. Isso me soou muito estranho, a vila era do tamanho de um ovo, todo mundo sabia de todo mundo, como um cara poderia sumir assim? Mais tarde o mesmo cara apareceu na janela, o Ghassab falou alguma coisa pra ele em Árabe e ele foi embora. Desconfiado, após alguns instantes, perguntei sobre a cerveja e ele disse que ainda não teve notícias do cara. Daí eu lancei: "Mas pera aí, como vc não acha o cara se ele acabou de aparecer na janela?". Ele desconversou, ficou bravo e disse que o cara não quer dar a cerveja. Daí perguntei também sobre o troco de ontem, ele disse que o outro cara não tinha troco e ele não conseguia localizá-lo.

No dia seguinte, fomos acampar no meio das montanhas. Foi uma noite fantástica com muitas estrelas e um precipício enorme. Adormeci em meu saco de dormir deixando a Mariana conversando com o Ghassab. Na manhã seguinte, eu falei à Mariana que provavelmente não veríamos aquele dinheiro mais e o melhor a fazer seria dizer ao Ghassab para que ele fique com o dinheiro para pagar pela gasolina que estávamos gastando. Desta forma, saíamos por cima, afinal evitaria que no final ele viesse com as ideias de querer mais dinheiro. Mas isso funcionaria para uma pessoa normal, o Ghassab era um sem noção.

Pôr do Sol

Acampamento

Mariana, Ghassab e o abismo.

Fomos acampar mais uma noite e com o vento frio e nuvens chegando, o Ghassab achou melhor voltarmos para a cidade, OK. Só havia um problema, o carro estava sem gasolina e não queria funcionar. Mas eu estava prestando atenção e a ignição do carro se dava em duas etapas, e ele estava começando pela segunda, ou seja, era mais uma artimanha dele.
No teatrinho, ele ligou para um amigo e ele disse que queria 15 Dinares para levar gasolina no meio do deserto. Eu fiquei quieto e não disse nada. Ele dizia não acreditar nesses amigos e no papo o valor diminuiu para 5 Dinares, eu continuei na minha. E disse que podíamos voltar caminhando para a cidade, afinal eram apenas 2 quilômetros. Ele ficou muito puto, mas não podia falar nada. Iniciamos a caminhada e após cinco minutos de caminhada, o teatrinho acabou com o irmão dele vindo trazer gasolina. Isso tudo, só para não deixar totalmente evidente a mentira, afinal, como um carro sem gasolina poderia volta a funcionar?

Dormimos na cidade. O Ghassab, apesar de tudo continuava inventando programas, e para o dia seguinte iríamos tentar entrar em Petra sem pagar. Eu sabia que era arriscado, pois se fôssemos pegos, teríamos uma multa de 4 vezes o valor da salgada entrada. Acordamos cedo, o Ghassab demorou a acordar e saímos atrasados.

Iniciamos a caminhada e a Mariana acabou ficando para trás. Eu voltei para ajudá-la, o Ghassab entre nós dizia, não temos tempo. Eu disse: "Não dá pra deixá-la para trás", ele retrucou visivelmente alterado e gritando: "Eu disse que não temos tempo, deixa ela pra trás e pronto".

Aí eu perdi a paciência e disse que se era para seguir daquele jeito era melhor não seguir. Daí ele ficou muito puto, começou a xingar etc. Voltamos para casa e decidimos seguir viagem, não dava para continuar com ele. A única preocupação era com as nossas bagagens e assim que voltamos para a caverna, comunicamos à ele que era melhor seguirmos viagem.

Aprontamos a mala e caminhamos até a estrada, o Ghassab disse que não ofereceria carona pois estava sem gasolina, mas mesmo que tivesse oferecido eu preferia ir caminhando.

No caminho, fomos recebidos por um grupo de mulheres beduínas que nos ofereceram chá e um negócio esquisitíssimo. Era duro como pedra (sem exageros). Para morder, dava medo de quebrar o dente, era também bastante azedo, mas o chá atenuava.
Eu e as Beduínas

Mais tarde descobri que isso era Leite de cabra seco.




Ficamos de papo por alguns minutos quando quem chega? Ghassab em seu Jipe cor-de-rosa.
Ele seguiu até a estrada, parou, e decidiu voltar para conversar com as beduínas. Ele falou um monte de coisa em árabe e depois disso foi embora. Ficou evidente a diferença de tratamento que as mulheres nos deram após a chegada do Ghassab, por este motivo, resolvemos seguir viagem, pegando carona atrás de carona até chegar na cidade próxima a Petra, onde ficaríamos em um Hostel.

Sobre o Ghassab, acredito que ele tem um potencial enorme como guia, e tem um excelente produto para oferecer. Ele nos mostrou como viviam os beduínos enquanto moravam em cavernas, acampamos diversas vezes vivendo quase que totalmente da natureza e nos divertimos de montão. Porém, o fato de termos encontrado-o no site CouchSurfing, uma ferramenta de hospitalidade, espera-se ter como moeda de troca apenas a gratidão e amizade. O CouchSurfing não deveria ser usado como uma ferramenta para se encontrar clientes turísticos e, se essa é a intenção do Ghassab, creio que o CouchSurfing não é o lugar para ele.
Fomos de carona, é claro.